Cidadão

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Longe de tudo que se diz tudo
Quero me desligar desse mundo
Febril e imundo
Também culpado por permanecer mudo

Daqui eu ainda me mudo
Para lugar de simplicidade
Água que do chão brota
Chão que é verde de verdade

E se eu me mudar de minha terra
Minha casa será selva
Meu quadro uma serra

Quero ouvir de longe um grilo
Que dá paz se faz alto
Diferente daqui que é grito
De mais uma vítima de assalto

A Deprê Só Acontece Quando Viver

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Às vezes o que acontece
É que a alma em tristeza se torpece
Tudo que é mal vem à tona
E o que faz bem nem conta

Pesado fica o viver
Sem saber muito o que fazer
Tudo perde a graça o sabor
Não tem esperança, fé ou amor

Por mais que force um sorriso
Me rebusco ao saber do que preciso
Se danço, pulo ou choro
De muito tentar mais me enrolo

A felicidade pra alguns
Pode ser o sofrer de outros
E sorrir muito parece pouco
Desse muito que sempre quer mais
Nos perdemos em coisas temporais

Animais!
Vivemos segundo sua carne
Procurando que o ego se acalme
A sede dele é por atenção, vazio
Irracionais!

A Menina Que Se Apaixonou pelo Céu

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O barulho cessou, 
Todos do sol se despediram
Os aves encontraram seu ninho
As luzes se dissiparam

Olhe! Lá vem a menina
Vestida de tecido fino de condão
Passa todos dias a vigiar o luar
Fez do campo seu colchão

É chegado o anoitecer
Momento esse o mais esperado
A menina espera a lua aparecer
Banhada de um céu estrelado

Com o Pai das Luzes aprendeu a voar
A sua imaginação logo se transcendeu
Do seu quarto se transportou direto pro mar
Dos problemas se esqueceu.

As ilusões, as dores, as paixões
Por esse tempo não há atingiam
Em visto ao tamanho vislumbre do horizonte
Estrelas cadentes caindo

Alguém uma vez a disse
Que se visse uma estrela descer,
Poderia fechar os olhos
E logo um pedido fazer.
Ela então sem pestanejar
Abaixou a cabeça e pô-se a pensar
O que mais preciso ter?

Percebeu que apesar de tudo
Um nome ainda lhe faltou
Será de um menino, seu amado
A quem de chamar de amor.

Quero um lindo príncipe
Destes que a beleza poucos vêem.
Andar de mãos dadas
Mesmo em meio a provas pesadas
Alguém pra viver comigo em cada anoitecer.

Dia frio

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Em dias de frio, não seja frio
Apesar de escaço, não é vazio
É oportunidade de aproximar
Quando nos unimos aquecemos os corações.

Paradoxalmente é dia isolamento
De enrolar na coberta do pensamento
Se libertar da gaiola dos afazeres
Fechar os olhos e ver a alma

A notícia de um dia frio é que as coisas lá fora nos endurecem, 
Enrijece até machucar, mas dentro de nós existe um calor natural, 
talvez até transcendente que nos faz suportar.
E se essa chama se por a apagar, aqueça alguém. 
Consequentemente você também será aquecido.

Sofá

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Há um dia em que experimentamos o fruto de tudo aquilo que fizemos (ou não). Minhas feições e carícias momentâneas resultaram em algumas relações frustradas, arrependidas, enganadas. Outros tratos desmerecido e desequilibrados resultaram em desleixo, ignorância, insensibilidade das outras partes.

Confuso, vazio e martirizado.

No in sight, me vi muito preocupado com a imagem e pouco com a essência. Pra pior, diagnostiquei-me impossibilitado pra mudança. Parece inevitável meu teatro.

Tenho medo. Essa foi minha acusação  que antes eu achara que era amor a rotina. De dia me drogo de entretenimento. A noite me sucumbo de pensamentos existenciais.

Triste, nerso, só.

Por favor, só deixe eu dormir hoje nesse sofá.