Moça Bonita

  • 1

Ei moça bonita,
Saiba que sonhei com você.
Sonhei que a todo tempo eu tirava um sorriso seu.
Cada palavra, sua espera; cada frase, seu contentamento.
Existiam muros, mas não importávamos;
Havia guerra, mas tudo se transformavam em flores.

Compartilhávamos os mesmos momentos felizes,
E se alguma vez algum de nós estive ausente um do outro, a alegria não era plena.
Com você os desafios se tornavam mais fáceis.
Havia tempo para sonhar, desejar.

Partilhávamos da mesma arte,
E a fazíamos a favor dos outros
Para que eles sorrissem, chorassem, se enxergassem.
O dinheiro e os bens não eram nossos tesouros.
O serviço sacerdotal nos era suficiente.
Eu te era suficiente, você me era suficiente.
Éramos gratos e agraciados. De que iríamos nos gabar?

Moça bonita, você já sonhou comigo?

Ei moça bonita,
Saiba que sonhei com você.
Sonhei que no matrimonio sempre existiu uma singela e valorosa amizade.
Em um só corpo havia mutualidades de dons. Eu te supria você me supria.
O mesmo Deus, a mesma. O amor.
Vivíamos sublimes na alegria e na vontade de nosso Senhor.

Eu percebia a bela arte de toda criação:
As cores do arco-ires e flores, as melodias dos pássaros e mares, a escultura das montanhas e serras.
Também conseguia atribuir a sua singularidade:
A formosura do seu corpo, a extinção de seu caráter, o doce e roço som de sua voz.
Então eu traduzia tudo em prosas poéticas.
Você se deslumbrava.
Seu sorriso brilhava mais que o sol.

Mas nem tudo eram rosa, nem sempre tu eras bela e eu conseguia te fazer sorrir.
Porém, aprendi a viver e sonhar com você
O tempo não nos afastava. Na verdade nos fez nos conhecer mais.
Regozijei nas simplicidade da vida.
Não desperdicei meus dias. Errei, mas não prevaleci.
Nem mesmo a eternidade nos era capaz de separar.

Moça bonita,
Na realidade não sonhei todas estas coisas,
Apenas vi uma cena em um sonho que mostrava um instante de um sorriso seu direcionado ao meu,
Mas qualquer um que nos observasse, veria o significado de nosso olhar.
Mostrara ligação intensa de dois seres que viviam ou destinava a viver todas essas coisas.
Meus olhos foram subliminarmente atemporais.  O passado, o presente e o futuro ainda se misturam.

... E você moça bonita, pode ver o que vi?


Rodrigo Melo

Um comentário: